
Na terceira sessão do “Clube das Criativas”, Ana Magalhães convida a realizadora Catarina Vasconcelos para uma conversa entre Lisboa e Nova Iorque.
A conversa passa pelo cinema, belas artes, design e antropologia, numa reflexão sobre o papel e posicionamento da Mulher no setor criativo.
“E quando nós começamos a ver este cinema, que é um cinema e uma visão de pessoas únicas, nós percebemos o quanto tivemos a perder ao longo da história por não termos dado, não termos aberto o cinema, as artes e a cultura a mais mulheres, a mais pessoas trans, a mais pessoas lgbtqia+. Imagina se hoje podíamos contar com uma cinematografia que desde sempre tinha sido feita por todo o tipo de pessoas?
Acredito na experiência e acho que esta experiência não devia ser um privilégio. Acredito que a cultura, a arte, nos pode salvar; e quando eu digo salvar, é claro que não nos pode salvar de uma guerra, mas pode-nos salvar intimamente de nós vermos outros mundos, outros futuros, outras vidas ou a Nossa vida, vemos a nossa vida mas vemos outras possibilidades também... e trazer-nos humanidade... e trazer-nos visões que são mais amplas do que aquela que nós temos. Portanto, o cinema traz-nos essas condições todas: podemos chorar sem ninguém nos ver porque estamos no escuro, podemos ir sozinhas, podemos ir acompanhadas, quer dizer, mas é uma experiência e as experiências para serem totalmente vividas têm sítios, que são os cinemas – são templos para ver os filmes.” Catarina Vasconcelos
“Eu acho que há uma fisicalidade no ir ao cinema que, no meu caso - e acho que acontece eventualmente no cinema, nos museus, em galerias - para mim, a minha memória fica ativada quando a minha experiência de arte ou cultura existe no mundo real, quando há fisicalidade, quando eu me cruzei com pessoas, quando eu sabia como o tempo estava lá fora nesse dia, quando tive que ir à chuva para chegar ao cinema. Eu acho que essa fisicalidade imprime, de alguma forma, as experiências na minha memória (...) É muito fácil eu esquecer-me de alguma coisa que vi em streaming.” Ana Magalhães
Para além do reconhecido trabalho em cinema, Catarina Vasconcelos é uma das designers fundadoras do Ilhas studio, estúdio de design gráfico que desenvolve trabalhos para vários artistas e instituições culturais.
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Biografias

Catarina Vasconcelos, realizadora
Nasceu em Lisboa em 1986. Licenciou-se na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, após a qual faz uma pós-graduação em Antropologia Visual no ISCTE-IUL. Fez o mestrado no Royal Colle- ge of Art, Londres, Reino Unido, onde o seu projecto final foi a sua primeira curta metragem “Metáfora ou a Tristeza Virada do Avesso” (2014) . O filme teve a sua estreia no festival Cinema du Réel, em Paris, onde lhe foi atribuído o prémio de melhor curta-metragem “Metáfora ou a Tristeza Virada do Avesso” esteve em vários festivais, entre os quais RIDM - Montreal InternationalDocumentary Festival (Best international me- diumlength award), DokLeipzig, Moscow InternationalFilm Festival e Doclisboa. A sua primeira longa docu- mental, “A Metamorfose dos Pássaros” teve a sua estreia mundial na nova secção competitiva, Encounters, da 70a Berlinale, em Fevereiro de 2020 onde ganhou o prémio FIPRESCI da Federação Internacional de Críticos de Cinema. Após a sua estreia o filme tem vindo a integrar as secções competitivas de vários fes- tivais e recebeu, entre outros, o prémio para melhor filme da seccção Zabaltegi-Tabakalera no Festival de Cinema de San Sebastian-Donostia ou o prémio para melhor filme no Kino pavasaris, Lituânia. Neste momento Catarina Vasconcelos prepara a sua primeira longa metragem de ficção, “Pintura Inacabada”.

Ana Magalhães, VMLY&R, Nova Iorque
Com um background em Design e Belas Artes*, a Ana trabalha em Publicidade há 15 anos, tendo passado por vários países nos mercados europeu e norte-americano.*deseja (não muito secretamente) ser curadora ou ter uma galeria.
Todos os meses uma nova convidada.
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Disponível no SOUNDCLOUD e no SPOTIFY
Produção do podcast do estúdio Guel e Imagem “Clube das Criativas” com a assinatura da ilustradora Kruella d’Enfer.
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