
The Future of Conscious Business: How to help Brands to serve a higher purpose.”
Confinamento
O Covid-19 chegou aos Países Baixos com a primavera, já lá vão seis semanas. A explosão de vida que nos preencheu estas semanas ajudou a passar o isolamento social com mais esperança e entusiasmo. No entanto sinto falta dos abraços dos amigos — e foi nisto mesmo que pensei logo ao fim da primeira semana — em todos os abraços que vou dar às pessoas de quem gosto e que não posso ver. Ando a contar os dias.
Atelier
Trabalhar em casa e conjugar a educação de uma criança de 5 anos não é fácil — nos Países Baixos a pré-primaria é obrigatória e tem curriculum a cumprir. O dia divide-se em blocos de 3 horas onde alternamos o trabalho do atelier, as actividades que fazemos com a nossa filha e as tarefas domésticas. É mais produtivo desta forma, apesar de perdermos horas efectivas de trabalho.
O trabalho divide espaço com a jardinagem (que ganhou protagonismo neste período) e com a cozinha (começamos a fazer pão em casa, não compramos pão desde que começou o isolamento). Observar as plantas a crescer e os insectos que as visitam, ou amassar o pão e vê-lo crescer no forno, dão-nos uma sensação de conforto e controlo que nos ajuda com a ansiedade.
Ensino
No meio da nossa rotina comum temos também os dias em que ensinamos separadamente.
Dar aulas virtualmente não tem a energia nem provoca o entusiasmo das aulas presenciais. Falar com os nossos alunos e alunas semanalmente é no entanto muito importante para nós. Muitos deles e delas ficaram nas suas casas de estudantes, muitas vezes confinados em quartos pequenos, sem condições materiais de trabalho e longe da família. Estar lá para conversar e para ajudar no que for preciso é mais importante que qualquer inconveniente que advém da nova situação. Acabo sempre o dia de ensino, quase à hora do jantar, à mesa converso com o Kai, partilho impressões sobre o dia com um orgulho e admiração total pelas minhas alunas e alunos. <3
Nestes dias mais do que nos outros, acabamos sempre por reconhecer, que apesar de ser difícil estar isolado, estamos numa posição extremamente privilegiada. Estamos com a nossa família, temos espaço dentro e fora de casa, temos rotina e trabalho.
Susana Carvalho
Bio
Susana Carvalho (1979, Porto) vive e trabalha em Haia nos Países Baixos desde 2004. Além de trabalhar no atelier que fundou em 2005 com Kai Bernau dá aulas de design na Academia Real de Belas Artes em Haia (KABK).
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