
Na David chegamos hoje ao 66º dia de trabalho remoto.
De momento estou isolada em Lisboa. Tinha vindo passar uns dias de férias no inicio de Março. Quando cheguei havia 4 infectados em Portugal, Espanha já ia para 6000 e Madrid estava em negação. De um dia para o outro accionaram-se estados de emergência dos dois lados da fronteira e por aqui fiquei “até ordem em contrário”.
Mudámos muito e não mudou nada. O entusiasmo da equipa continua o mesmo, assim como a produtividade. Continuamos a traçar metas e objectivos com o céu como limite.
Abrimos a agência há menos de um ano com 3 pessoas, hoje somos uma equipa de 35. O espirito que prevalece é o de levar isto como só mais uma parte do desafio desta nossa história. A certeza de que voltaremos à “normalidade” eventualmente não deixa que se perca o foco.
E a “normalidade” tem aspas por uma razão.
Provámos que trabalhar de casa não afecta os resultados ou a eficiência. Que há uma mão cheia de reuniões que se podem fazer online, e outra mão que podia não ser feita de todo.
Já li muitas vezes que esta pandemia foi um pedido de ajuda do ambiente, de um ecossistema cansado. Pensemos no nosso também.
Não acredito que faça sentido voltarmos ao modelo anterior, ignorar o que aprendemos neste processo. Que as equipas não desiludem, que existe um sentido de responsabilidade que não nos permite deixar a agência cair. Quando se cultiva a confiança, colhem-se frutos.
Certo, ok, podemos estar de pijama às 11 da manhã e já desligamos as câmaras no Zoom para preservar a memória de dias mais apresentáveis, mas até agora nada ficou por fazer.
Devíamos abraçar um novo regime em que trabalhar de casa é aceite. Fazê-lo uma regra e não uma excepção, definindo uma “mesada” de dias a que teríamos a possibilidade de o fazer, por exemplo. Um regime que compreende que o presencial nem sempre é necessário, por questões ambientais (e mentais). Que complicamos muitas vezes o funcionamento das coisas, porque não questionamos um modus operandi com décadas de idade. Se conseguimos strip down os nossos dias ao que é realmente necessário e mantê-los igualmente funcionais, porque é que haveríamos de voltar atrás?
Há uma grande maioria de nós que passou mais tempo em casa nestes 52 dias que no último ano.
Espero que deixemos o #stayhome em breve, mas que ele dê lugar a um #stayhomemore.
Até porque não há só casas de quatro paredes, há gente que é casa também.
Biografia:
Maria Goucha
Made in Portugal®
Viva desde 1988
Directora de arte desde 2012
Estudou e trabalhou em Londres, deu um salto por Lisboa e actualmente é directora de arte na DAVID Madrid.
https://www.linkedin.com/in/mariagoucha/
Agradecimento ao Briefing pelo apoio de comunicação.
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