
The Future of Conscious Business: How to help Brands to serve a higher purpose.”
XIX FESTIVAL DO CCP
E DEPOIS DO ALGORITMO?
É sem dúvida maravilhoso, este maravilhoso mundo novo de algoritmos. E isto sem ironia. Talvez uma pontinha de inveja, um saquinho de cinismo e a certeza que como se dizia no Jurassic Park – nature will find a way.
A verdade é que no meio de tudo de bom, o entusiasmo tem vindo a distrair muita gente da única coisa que é relevante não perder em tudo o que estamos a substituir. A “informatável” natureza da criação.
E essa distração estende-se à história, como de costume.
Em todas as revoluções tecnológicas existiu, no seu início uma predominância dos hard skills face aos considerados soft skills, da máquina face ao homem. Em todas elas todos parecem esquecer-se que uma vez normalizada a inovação a única coisa que acrescenta valor de forma sustentada ao longo de milénios a qualquer indústria é só uma – a infinita capacidade de termos ideias. Originais.
Esse é um dos problemas do algoritmo. Será a sua perfeição a verdadeira morte do artista? E poderá esta evolução afinal ser um eventual retrocesso em direção a uma sociedade e a um mercado menos livres, menos diversos, e menos capaz de continuar a gerar ideias novas?
O crescente aperfeiçoamento de profiling, do cruzamento de dados, do behavioural tracking, SEO e todas as outras novas técnicas que nos vão levar a conseguir vender exatamente aquilo que alguém gosta, à hora que ele gosta, podem aparentemente levar-nos também a um progressivo afunilar do que conseguiremos criar e vender. Um loop de condicionamentos de gosto, sem garantias de precisão, que poderá criar um sistema de alimentação de conteúdos que irá tentar replicar aquilo que já foi feito e não aquilo que “é possível que eu queira fazer porque ainda não pensei nisso”. De certeza que também já há um algoritmo para isso.
Qual impacto disto na criatividade ?
Uma maior padronização, uma sobrevalorização do meio face ao conteúdo, uma maior tendência para privilegiar o funcional face ao envolvimento emocional ? Será o algoritmo a mais óbvia a ameaça ao nosso negócio/industria? O algoritmo sobrepõe-se à criatividade e cria fórmulas ?
Podemos continuar a deixar a emoção e a razão criativa talhar os caminhos da criatividade ?
“E depois do algoritmo ?” é uma celebração e uma anti-celebração. Uma celebração dos novos tempos digitais, do brilhantismo de uma indústria que está a mudar o mundo, mas também um reminder que não há código que substitua um sorriso.
PEDRO PIRES
Presidente CCP
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