Dedicado por inteiro às “outras músicas”, o SONICA EKRANO dá acesso a filmes excepcionais que retratam artistas, sons e movimentos locais e globais que tantas vezes passam por entre os interstícios da ampla oferta audiovisual dos nossos dias - porque continua a ser longe dos holofotes mediáticos que tantas vezes se vai criando a história, tanto no presente como em passados que, por vezes, demoram décadas a ser (re)conhecidos.

A terceira edição do festival oferece um espaço de oportunidade para assistir a obras cinematográficas às quais – mesmo na era das plataformas digitais – o acesso é limitado, num contributo mais em prol da inclusão audiovisual, atendendo à diversidade geográfica e ao equilíbrio entre perspectivas históricas e narrativas contemporâneas.

O nome SONICA EKRANO, que significa, em esperanto, “Tela de Som”, procura reflectir a música e o cinema enquanto “linguagens universais”, homenageando simultaneamente a forte tradição esperantista na margem sul do Tejo, em particular no Barreiro, que acolhe o festival entre os dias 26 de outubro e 04 de novembro.

Ao longo de 19 sessões, divididas entre os Cinemas Castello Lopes do Fórum Barreiro e o Cineclube do Barreiro, apresentamos outros tantos filmes (todos longas-metragens), com produção posterior a 2020, com mais de metade em estreia nacional e uma estreia absoluta - todos os dias, pelo menos um dos filmes exibidos sê-lo-á pela primeira vez em Portugal.

O programa de 2023 possibilita pensar em alguns fios temáticos: há um forte ênfase na música electrónica (na perspectiva histórica, com filmes sobre o Som de Colónia, na viragem do século, ou a surreal carreira dos KLF; na sua contemporaneidade, com a velocidade radical do movimento Singeli ou a fama quase instantânea retratada em ‘American Rapstar’, ou ainda nas suas géneses ligadas ao mundo da composição clássica - Stockhausen ou Pauline Oliveros - tal como ao cenário político da Guerra Fria - “The Subharchord”); no movimento do rock independente alemão da década de 70 (vulgo krautrock, ele mesmo fonte de inspiração para tanta da música electrónica que se lhe seguiu) com retratos dos Can ou de um dos seus icónicos vocalistas, Damo Suzuki e com a herança vivida dos Embryo, e, finalmente, no poder da música para criar comunidades (Elephant 6 ou Aquarius Records) ou para fazer face a complicadas heranças sociais (Sirens e Mutant). As ligações são múltiplas e abertas, mas o conjunto dos filmes exibidos mostra, se ainda fosse necessário, que as propriedades e poderes da música são das mais transversais conquistas da humanidade.

Pela primeira vez o SONICA EKRANO oferece também sessões de música ao vivo, uma noite de escuta atenta e festas de abertura e encerramento - diferentes formas de celebrar o estar juntos, o cinema e a música.

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