A palavra monastério provém do grego μοναστήριον (monasterion), formada pela raiz monos — “sozinho” — e pelo sufixo terion — “lugar destinado a uma prática”.

Pensar a prática artística à luz dessa etimologia é reconhecer o atelier como um espaço de isolamento produtivo, em que o afastamento não significa ruptura com o mundo, mas, paradoxalmente, abertura ao mesmo. É no atelier que a subjetividade e o sensível se encontram com a presença da matéria, instaurando um campo de experimentação em que interioridade e mundo se entrelaçam.

Na essência é sempre o artista, sozinho, diante de sua prática, que elabora uma proposta — uma
reflexão sensível que se projecta para além das paredes do atelier — oferecendo ao mundo um gesto desse encontro.

Neste conjunto de trabalhos, o artista detém-se na ideia de lugar e na vibração de uma atmosfera. O firmamento, sempre presente, desenha-se na linha do horizonte, enquanto ao centro se abre um espaço impregnado de silêncio. É a imagem de um instante suspenso, carregado de tensão — o sopro que antecede o acontecimento. Uma metáfora para os tempos de incerteza que hoje nos envolvem.

MONASTÉRIO
10 de outubro - 1 de novembro
Apaixonarte, Lisboa

BIOGRAFIA

Vasco Maio (n. 1983), artista visual sediado em Almada, Portugal. Desenvolve trabalho em pintura, desenho, ilustração e design gráfico. É licenciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa (FBAUL) e iniciou-se no graffiti em 1998, tendo desenvolvido uma relação com o espaço público e uma forma particular de pensar a cidade. Em 2008 começou a trabalhar como designer gráfico, tendo passado por diversos projectos, a maioria na área da cultura. Desde 2016, tem estúdio em Almada onde desenvolve trabalho em artes plásticas e ilustração. Conta com participação em vários projectos de arte urbana e expõe o seu trabalho individual e colectivamente desde 2001.