A exposição inédita “NOUS”, de Paulo Perdigão, é uma iniciativa da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais que, no âmbito da programação do Bairro dos Museus, continua a dar espaço a novos artistas e à arte que é produzida hoje em Portugal.

Nas obras que apresenta no Centro Cultural de Cascais, Paulo Perdigão (Lisboa, 1980) desenvolve os temas que, nos últimos anos, o têm inquietado: a permanente busca pela evolução e o constante movimento de renovação pessoal que atravessa. Estas pinturas e as esculturas, expostas pela primeira vez, são o veículo pelo qual o artista reflete sobre o seu processo criativo e sobre o que o levou a voltar a pintar depois de 17 anos de inatividade.

Antes de construir um sólido percurso profissional na área da comunicação, Paulo Perdigão estudou Artes no ensino secundário e frequentou a licenciatura em Arquitetura, entretanto não concluída. Pese embora o entusiasmo em torno do seu trabalho artístico autoral, no período em que se dedicou à publicidade a pintura passou ao segundo plano. Foi apenas nos últimos 5 anos que decidiu voltar a pintar de forma exclusiva. 

Nascia aí a série “'This page is a terrible idea”, a primeira em que o artista retoma ideias que há muito estavam adormecidas, repensando-as e expressando-as através da pintura a óleo em obras que agora integram “NOUS”, a sua primeira grande exposição individual.

As características conceptuais e técnicas da obra de Perdigão, primorosamente minuciosa e detalhista, conferem-lhe um caráter único e contemporâneo. Em Cascais, estarão expostas telas em que o pintor representa figurativamente folhas de papel amassadas onde estariam ideias ultrapassadas ou descartadas, num exercício quase metalinguístico sobre o processo da criação de uma obra de arte. O visitante poderá ainda ver pinturas da série “Windows of perception”, sobre a maleabilidade da nossa perceção do mundo real. 

Além das pinturas a óleo, é apresentada também uma obra de grandes dimensões composta por 200 folhas de papel A4 pintadas, uma a uma, com tinta acrílica. Os visitantes também são convidados a descobrir, ao redor das salas de exposição, 50 pequenas esculturas em ferro fundido que, em cor, tamanho e forma, remetem aos clássicos post-its. Em cada um deles o artista escreveu lembretes para si próprio, mas também para todos nós. 

A exposição também integra uma seleção de esculturas em ferro pintado retiradas da série de trabalhos intitulada “Made from Scratch”, através das quais o artista convida-nos, “a reconsiderar o negligenciado, a encontrar beleza no improvável e a valorizar a arte da imperfeição”, apresentando “linhas simples que evocam a inocência de um rabisco. Cada traço, cada marca, conta uma história de resiliência e renovação materializando o renascimento e a reinvenção”.