
A exposição individual ELA DEPOIS DE FAZER ESTRAGOS de Hilda Reis será inaugurada no dia 5 de Dezembro, das 18h00 às 20h30.
"O meu caminho é cada vez mais estragar. A partir de fotografias perdidas, que são a base do meu trabalho, pratico o exercício do estrago. Sei que fica sempre um resto do original, talvez enevoado, e o prazer está nesse gesto que destrói algo para fazer nascer outra coisa. Afinal, quem é o artista? Eu, o fotógrafo ou as pessoas fotografadas que continuam a viver através destes fragmentos?
Há nesta coleção um fascínio melancólico pelos pequenos bocados de papel abandonados. Antes foram amados e guardados; agora já não servem propósito nenhum. Álbuns de fotografias, coleções de selos, cartas, recortes, contas, documentos que, ao perderem quem cuidava deles, perderam também o sentido.
Alguém preservou, num momento, aquilo que era uma memória importante, e outro alguém achou depois que já não tinha valor. Esse abandono emociona-me: cada pedaço de papel é um prolongamento de nós, quase uma validação da nossa existência. Eu guardo os meus papéis, e guardo também os dos outros, tratando-os como uma cientista que protege uma molécula frágil, a molécula da memória.
Tenho respeito por estes documentos e honra em ter nas mãos histórias de desconhecidos. Quero homenageá-los, brincar com eles, estragá-los como quem faz uma celebração da memória alheia. A obra já existia antes do meu gesto; o que acrescento são estes estragos que aqui se exibem. Considerem-se cúmplices ao olhar para as peças."
Estas são as palavras de Hilda Reis, sobre os seus trabalhos de colagem que preparou para expor na galeria Apaixonarte. Em 2024 expôs em colaboração com o colectivo de artistas Art & Craft Refúgio, desta vez estreia-se numa versão a solo.
Hilda Reis estudou artes e viveu na Alemanha e Suécia, durante 10 anos, onde integrou várias exposições.
Esta mostra ficará patente até dia 3 de Janeiro e a entrada é gratuita.

BIOGRAFIA
Hilda Reis (n. 1972) encontra na colagem a sua principal forma de expressão.
No seu atelier, em Miramar, perto do Porto, a cidade onde nasceu, desenvolve a sua pesquisa a partir de fotografias perdidas, albuns sem dono e todo o tipo de materiais como cartas, revistas, rendas, contas da agua, e tudo o mais que pode aparecer dentro uma gaveta em desuso. Todos os trabalhos sao unicos e irrepetiveis, sempre analogicos, e pretendem ser uma homenagem às fotografias sem dono, perdidas, orfas.
Estudou Artes e viveu na Alemanha e Suecia durante 10 anos, onde integrou varias mostras. Desde 2017, data em que regressou a Portugal, comecou a participar em exposicoes individuais e coletivas, nacionais e internacionais, das quais destacamos as que tiveram lugar na Largo Residências, em Lisboa, na Casa das Artes e na Galeria Mariana Mendes Delgado, no Porto e no Centro Cultural Matadero, em Madrid.
Os seus trabalhos fazem parte de coleções na Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos e em Portugal.



