O projeto partiu de uma interação entre Rui Sousa e Celestino, um sem-abrigo. Sempre que Rui passava, reparava que Celestino estava a ler. Rui perguntou-lhe se ele também escrevia e Celestino respondeu que não podia escrever porque não tinha papel e caneta. Isto inspirou a distribuição de cadernos e canetas à comunidade dos sem-abrigo. Pediram-nos para desenhar o livro com os poemas que foram criados. O nosso objetivo era criar uma representação tangível do trabalho de campo, das sessões de escrita criativa, dos workshops e dos momentos de estúdio partilhados por todos os envolvidos. Concebemo-lo como uma edição de bolso porque não há estantes nas ruas. Incluímos fotografias de baixa fidelidade dos cadernos originais e autocolantes excedentes para desenhar uma tipografia experimental que reflete a ideia de regeneração. O projeto visa promover o desenvolvimento da comunidade e foi possível através de parcerias com organizações que trabalham de perto com os sem-abrigo e indivíduos que lutam contra a dependência em Lisboa. O projeto nasceu de uma vontade antiga de criar um impacto positivo e foi concretizado através de uma candidatura à iniciativa “Projetos de Solidariedade”, financiada pela União Europeia. “Caderno de Rua” é a primeira coleção lançada pela iniciativa Poesia p'ra Todos, uma associação juvenil sediada em Lisboa que se dedica a promover a liberdade de expressão através da poesia.