A música acompanha e intensifica a jornada emocional da peça, que parte de uma analogia aparentemente inocente — a comparação do tamanho dos fetos com frutas — para revelar uma realidade brutal e invisibilizada: o racismo obstétrico. O rap original composto para o filme foi pensado como um contraponto à suavidade das imagens. À medida que a peça evolui, a letra ganha peso, revelando dados reais e experiências vividas, enquanto a produção musical vai crescendo em tensão. O beat segue o ritmo da gestação, com camadas que se acumulam e se quebram, até chegar ao silêncio final — momento em que o bebé negro desaparece do quadro. Neste instante, a música também desaparece abruptamente, reforçando o vazio e o impacto da mensagem: “Bebés negros têm mais probabilidades de sofrer e morrer no parto do que bebés brancos. Tal como as suas mães.” A composição não serve apenas como pano de fundo — é um elemento central da narrativa. Através da palavra falada e da produção sonora, o rap amplifica o desconforto necessário, dá corpo à denúncia e cria um espaço onde a dor pode ser ouvida.